
Este cartaz não é um cartaz: é uma instituição. Em plena Praça do Giraldo, o cartaz do Partido Comunista marca presença há gerações, com notável à-vontade e estimável segurança. Tem assistido a um pouco de tudo: concertos, manifestações, eventos desportivos, comícios da CGTP, acções da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Feiras do Livros, etc. etc. Faça chuva ou faça sol, o cartaz do Partido Comunista (o CPC) alcançou um estatuto perene sem paralelo na cidade e no país. Vai, ciclicamente, mudando de cara, ou seja, de «mensagem». Mas resiste. Não há exército, poder ou lei que o retire de cena. Há quem o ache uma reminiscência de outros tempos, uma excrescência do anterior executivo, um símbolo da resistência contra as injustiças do mundo, uma concessão ideológica para apaziguar os mais empedernidos.
Eu, se me dão licença, avanço com as três perguntas mais óbvias: 1.ª) O que faz aquilo ali?; 2.ª) Por que razão a CME permite aquilo?; 3.ª) Que estatuto ou poder tem o Partido Comunista para conspurcar com propaganda política uma das mais nobres praças da cidade?