sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O emplastro

PC

Este cartaz não é um cartaz: é uma instituição. Em plena Praça do Giraldo, o cartaz do Partido Comunista marca presença há gerações, com notável à-vontade e estimável segurança. Tem assistido a um pouco de tudo: concertos, manifestações, eventos desportivos, comícios da CGTP, acções da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Feiras do Livros, etc. etc. Faça chuva ou faça sol, o cartaz do Partido Comunista (o CPC) alcançou um estatuto perene sem paralelo na cidade e no país. Vai, ciclicamente, mudando de cara, ou seja, de «mensagem». Mas resiste. Não há exército, poder ou lei que o retire de cena. Há quem o ache uma reminiscência de outros tempos, uma excrescência do anterior executivo, um símbolo da resistência contra as injustiças do mundo, uma concessão ideológica para apaziguar os mais empedernidos.

Eu, se me dão licença, avanço com as três perguntas mais óbvias: 1.ª) O que faz aquilo ali?; 2.ª) Por que razão a CME permite aquilo?; 3.ª) Que estatuto ou poder tem o Partido Comunista para conspurcar com propaganda política uma das mais nobres praças da cidade?

20 comentários:

Anónimo disse...

Então,jovem?
Foste atacado pela febre da limpeza?
Queres limpar tudo? Lixo (propriamente dito), pedras da calçada, propaganda política, etc...
O "Ajax", comparado contigo, é brincadeira de crianças.

Todo-sujo.

Évora Deluxe disse...

Muito bem. Excelente contribuição.

Anónimo disse...

Assim se prova a isenção do autor do blogue.Parabens por isso e coragem

Anónimo disse...

Ah, queres então ser levado a sério, jovem "Deluxe"?

Vamos a uma contribuição à "comuna" (a pedido, posso arranjar de outro tipo):

1- O cartaz dá voz aos que auferindo baixos salários passam mal na vida. Adivinho que sejas um bem instalado e que assunto te cause fastio;

2- A Câmara não tem outro remédio senão aguentar. A Lei "protege" aquele tipo de propaganda;

3- O poder que o PC tem é-lhe conferido pelos militantes e simpatizantes. É legal e legítimo.
Porque é que o cartaz conspurca a Praça do Giraldo? Os locais históricos querem-se vivos, para gente viva. Concerteza preferes mausoléus assépticos. Sabes, já tivemos um país assim limpinho, sem mensagens políticas à vista de todos. Era-mos pobrezinhos mas muito felizes. Não acredito que, podendo viajar no tempo, gostasses de viver em tais condições.

Fica bem e não te deixes azedar pelas contrariedades.

Todo-Sujo.

Fica bem e

Anónimo disse...

Acho que o autor do blog precisa de reflectir um pouco melhor sobre o que diz e as ideias que pretende transmitir. Sob pena de deixar resvalar uma boa ideia para um caminho de pé-de-chinelo. Se não é entende um determinado assunto, melhor seria que se abstivesse de fazer comentários incongruentes, sob pena de cair no ridículo.

Anónimo disse...

Pois... é bonito e agradável questionar o estado das coisas em Évora, mas não se deve atacar o PC e seus muchachos.
E atacar o cartaz fetiche da Praça!!! Xiiiii, é um crime lesa magestade.
Acho que deviam enche-la de propaganda de todos os partidos (assim ficava mais viva e colorida). E voltar a por a descoberto os dizeres e palavras de ordem que ornamentavam a cidade no pós 25 de Abril. Assim a cidade parecia uma cidade com mais vida... tipo Pompeia ou Herculano.

Anónimo disse...

Os camaradas fizeram daquela praça o local de propaganda de excelencia e estão crentes que ainda podem dispor daquele espaço, como se ainda fosse seu. Tenham vergonha e integrem-se no civismo e na democracia. Já é tempo e sobretudo não acreditem que o estalinismo pode ser aplicado neste país

Évora Deluxe disse...

O amigo (se é que ele me permite a proximidade) “Todo-sujo” não esconde o que é: militante ou simpatizante do Partido Comunista. É provável que ele agora, por via da retórica ou para não dar o braço a torcer, o negue. O que seria, no mínimo, hilariante. Seja como for, este militante (formal ou informal) do PC não gosta que lhe toquem nos seus. É previsível. E natural. É claro que se fosse um cartaz do PS, do PSD, do CDS ou do BE, seria o primeiro a erguer o punho (em relação ao BE teria as minhas dúvidas). Bem vistas as coisas, o amigo “Todo-sujo” é um paradigma. Faz parte desse enorme grupo de pessoas que em nome da ideologia e pela ideologia vendem a razão, o bom-senso e a razoabilidade. Dito de outra forma, pertence ao grupo dos que colocam sempre o interesse da capelinha a que pertencem à frente do interesse da urbe. Enchem a boca de conceitos difusos mas maravilhosos como o «bem comum» e a «comunidade» mas na hora da verdade, defendem sempre os interesses do comité ou da ideologia que tão bem lhes tem servido para observarem somente o que lhes convém. E fazem-no, normalmente, como é o caso, invocando o «fascismo» (claro, o sempre utilíssimo «fascismo»!) e o carácter asséptico das ditaduras. Típico. Demasiado típico. O mal da cidade de Évora passa, também, por esta mentalidade mesquinha, senil, hipócrita, aparelhista, preconceituosa, paranóica e, acima de tudo, demagógica. Querem exemplo melhor de demagogia do que aquela referência ao «dar voz aos que auferem baixos salários» e que estou «bem instalado»? E dar voz porquê? O PC tem alguma procuração?

Este «jovem» - devolvo-lhe o epíteto, penhorado (caramba, não é todos os dias que os meus 46 anos são apelidados de «jovem») – este «jovem», dizia, não aceita que eu, como outras pessoas, ache atentatório da dignidade do espaço público de um centro histórico a proliferação de cartazes de índole politico, durante 365 dias por ano. É mais um idiota útil como aqueles que defendem o status quo do Rossio de S. Brás. Está sujo? É feio? Deixar estar: é sinal de liberdade, de democracia, de pluralismo, de que a cidade está viva. E, claro está, de combate político. Que maravilha. No fundo, deixemos estar tudo como está. A sujidade, a propaganda política, a porcaria: é tudo sinónimo de democracia. E o “Todo-sujo”, ao contrário de mim, é um democrata, adepto da seriedade, da boa-fé, da boa vontade e da honestidade intelectual. Sobretudo desta.

Anónimo disse...

Só não tiram aquilo dali porque não querem. Ponham a propaganda política fora das muralhas. Em nenhum centro histórico de cidades património mundial se vê isto. E não tem nada a ver com ser asséptico ou antidemocrático. Deixem-se dessas merdas. Tem a ver com cuidado e respeito pelas coisas. E sensibilidade.

Anónimo disse...

È o problema é a qualidade dos outdors chapa zincada e ferro ferrugento dando a imagem de um partido da degradação.

Anónimo disse...

Ao autor do blogue sugiro que faça uma reflexão um pouco mais profunda dos problemas da cidade e das formas e meios para os resolver. Enredar-se em opiniões estéticas, de óbvia subjectividade, não parece que conduza a qualquer lado. A não ser que pretenda impor uma estética para a cidade e, nesse caso, deve mostrá-la e defende-la. Eu, se fosse a si, não me metia por aí.

Há assuntos importantes para apontar e resolver nesta cidade. Apenas a título de exemplo: O Trânsito e o estacionamento. O declínio do Centro Histórico. A falta de emprego e a consequente regressão demográfica. A crise da Universidade e suas consequências na cidade. Etc., etc.

Que soluções para estes problemas? Estão as “forças vivas” atentas e a tomar as medidas adequadas? O que poderia ser feito com os meios disponíveis?

É preciso pensar, reflectir, dá trabalho, mas é a maneira de tornar útil o que aqui se expõe. Se não, pode arruinar-se aquilo que é uma boa ideia…

Anónimo disse...

Parabéns ao autor do évora deluxe. Alguns comentários que lemos aqui significam que muita gente se sente 'incomodada' com este blog. E isso É BOM. Há que dar um abanão nesta paz podre em que (sobre)vivemos e em que poucos têm a coragem de mostrar e dizer alto aquilo que muitos pensam e sentem.

Anónimo disse...

Gostava de saber o que se passa na cabeça de algumas pessoas que comentam este blogue. Não admira que tantas das pessoas que fizeram o 25 de Abril se sintam desapontadas com o rumo das coisas. A pluralidade de opiniões, de ideias, e principalmente a discussão saudável e educada das coisas parece ser algo incómodo e estranho para algumas pessoas. A ditadura da esquerda parece algo tão assustador como a de direita. E para um partido que abomina a religião, a defesa daquele cartaz na Praça do Giraldo parece-me um pouco a adoração ao menino jesus... Está lá para que ninguém se esqueça que o PCP defende mais os fracos e oprimidos que os outros. No séc. XXI, sim já lá chegámos, são precisas muitas mais coisas do que palavras num cartaz.
Se um blogue causa este mal estar, e esta falta de chá, então algo está muiiitto podre no reino da Dinamarca...
Seja quem fôr que tem a coragem de o fazer, parabéns.

Anónimo disse...

o estado deste cartaz é directamente proporcional ao estado da cidade.

Anónimo disse...

Numa cidade que já perdeu 2 mil habitantes desde 2001, chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade sem capacidade para atrair empresas e novos residentes, chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade em que o desemprego atinge os valores mais altos do país, com destaque para os 16% de licenciados, chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade onde só no Centro Histórico existem 600 casas vazias a arruinar-se (cerca de 18% do total do CH), chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade onde já fecharam centenas de comércios, chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade onde há mais de 1000 casas à venda sem comprador e sem que se perceba o que vai acontecer a quem vive deste sector económico, chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade onde a Universidade perde alunos, desde 2002 (passou de 8 mil para 6 mil), atravessando uma crise tão profunda que está em causa a sua sobrevivência, chama-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade de 40 mil habitantes, onde circular está transformado num sofrimento diário, como se tivesse 400 mil habitantes, chamam-se a isto discutir peanuts.
Numa cidade onde as forças vivas já não agem, apenas se reagem, chama-se a isto discutir peanuts...
...
Mas continuem, se isso vos faz bem ao vosso ego.

Anónimo disse...

deves ser dos que estava na rua da lagoa todo engravatado e a estranhar o gel no cabelo nessas jornadas dos fascistas!!!
Cantas muito mas falas pouco projecto politico. cresce e aparece ó peanut!!

Anónimo disse...

"O que me preocupa não é o grito dos violentos mas o silêncio dos bons". Tão actual esta frase. Porque que ainda há pessoas que não entendem o que a palavra democracia significa. Não sabem argumentar, apenas atacar sem rumo e sem sentido. Porque no fundo nem sequer sabem o que estão a dizer... Esta devia ser a primeira limpeza a acontecer nesta cidade. Uma limpeza que permitisse a discussão saudável e apartidária do futuro desta cidade. Estes discursos inflamados só demonstram insegurança e falta de ideias. É triste. Évora merece melhor, bem melhor.

Anónimo disse...

são vocês bando de incompetentes que provocaram este caus.

Anónimo disse...

Caro Amigo,

Apenas para informar que a CME (o qualquer outra) não tem nada que ver com a propaganda politica, ou seja não pode nem deve intervir, dado que é disso que se trata.

Évora Deluxe disse...

Caro Amigo,

A CME não pode interferir? Não acredito que as câmaras não tenham poderes - nomeadamente poderes regulamentares - para estabelecer onde e quando pode ou não ser afixada propaganda política. Não quero acreditar que as câmaras - através das Deliberações, dos Regulamentos Municipais e de outros instrumentos legais ao seu dispor - não possam impedir a afixação na via pública de propaganda (ou inclusivamente publicidade). Quando se quer, consegue-se tudo. Para isso é que servem os juristas.

PS: não estou com isso a dizer que a CME possa discriminar (positiva ou negativamente) o partido A ou o partido B no que respeita à divulgação das duas mensagens políticas.