No post Évora está suja, um leitor acusou-me de «sectarismo» pela simples razão de ter incluído a CME no rol de culpados pelo cenário generalizado de sujidade da cidade. Não escrevi, por não ser verdade, que a CME era a única culpada da situação. Mesmo assim, o leitor achou por bem acusar-me, «no mínimo», de «sectário» porque, segundo ele, a culpa é da exclusiva responsabilidade de quem suja, ou seja, de quem produz o lixo, ou seja, dos munícipes.
Espantoso. No limite, poder-se-ia dizer que a culpa das filas de trânsito na cidade de Évora é dos automobilistas. Ou que os culpados pelo facto do Rossio de S. Brás estar ao abandono se encontrarem, por um lado, nos clientes do Mercado e, por outro, na população que, por sua iniciativa, não anima ou regenera o espaço. Ou que a culpa do queixume pelo facto do Salão Central Eborense se encontrar encerrado, ser da inteira responsabilidade dos cinéfilos. E por aí fora. Seria a inversão da culpa e a forma mais rápida de desresponsabilizar quem tem efectivas responsabilidades de planeamento, gestão e execução.
É óbvio, demasiado óbvio até para ter que o referir, que uma autarquia que administre os destinos de uma cidade onde o grau de civismo e de respeito por parte dos munícipes seja elevado, terá infinitamente menos trabalho para manter a cidade limpa do que outra onde os munícipes sejam descuidados ou, no mínimo, desatentos. Mas até numa cidade onde os munícipes se comportem de forma relativamente ideal, haverá lixo e haverá quem, de vez em quando, ainda que acidentalmente, atire o papel ou a embalagem para o chão. Dito de outra forma, não há sociedades perfeitas, não há municípios onde os munícipes sejam na sua totalidade modelos de comportamento.
A responsabilidade pela limpeza das cidades continua a pertencer às autarquias. No mínimo, as responsabilidades terão que ser partilhadas. Desresponsabilizar as autarquias é que me parece, no mínimo, sectário…
terça-feira, 21 de outubro de 2008
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4 comentários:
Este saco e esta caixa podiam ter sido colocados no lixo,o civismo?
Certo! Excepto se o contentor estivesse cheio. O que é tantas vezes o caso.
Lá voltamos ao mesmo.
De facto há gente que em vez de chapéus na cabeça,deveria usar uma placa térmica de modo a alimentar os neurónios, porque doutra forma não funcionam.
Refiro-me a alguns funcionários da cÂmara que fazem gala de não cumprir os serviços que lhes estão confiados para que aconteça o que está a acontecer.
Não digo isto gratuitamente. Digo-o porque é comentado nos lugares onde vivem grande parte desses funcionários, que depois do trabalhinho na Câmara regressam ao seu bairro, aldeia ou lugar para o trabalho de sapa de militância do pc.
@22 de Outubro de 2008 6:41
O que eu ouço comentar frequentemente é a incompetência de quem dirige a Câmara, a começar no Presidente e continuando pelos seus assessores.
Aliás, esse tipo de comentários não passa de uma confissão de impotência e incapacidade de fazer o que quer que seja. Os bons gestores sabem sempre encontrar formas de cativar, mobilizar e motivar os funcionários. Estes só vêem problemas e obstáculos. São como os fracos corredores, que se desculpam com os seus prórpios joelhos, mas justificar as más corridas.
Não há dúvida que estamos bem servidos com esta gente.
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