sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Correio dos leitores

De Helder Heitor:

Nesta cidade de excelência, há excelências originais. Por exemplo:

As calçadas: que tornam excelentemente ginasticadas as plantas dos pés dos excelentes transeuntes e contribuem para as excelentes performances do sector económico da reparação de calçado (sobretudo do de salto alto), pujante na cidade.

Os postes e placas de sinalização espalhadas a esmo e em plenos passeios, impondo aos cidadãos excelentes trejeitos contorcionistas, assim criando os hábitos saudáveis de prática de desporto, o que é muito louvável sobretudo no que respeita aos cidadãos com limitações físicas e aos que conduzem, o mais das vezes perigosamente, carrinhos de bebés, por exemplo.

A excelente disseminação dos mesmos sinais, em excelente ruptura desconstrutiva, como agora muito culta e intelectualizadamente fica bem dizer, com as anquilosadas regras do alinhamento, da simetria e do ordenamento.

A excelência do modo como essa mesma sinalização se ergue ao céu, simulando a poética e excelente ondulação das searas das zonas rurais que envolvem a urbe.

A excelência das decorações das fachadas dos edifícios das nossas bem conservadas ruas, com a felicíssima e excelente ideia de aproveitar a rede eléctrica e a rede telefónica para um rendilhado verdadeiramente único, que ofusca, até, as girândolas e enfeites natalícios.

A excelência do emolduramento das nossas praças e monumentos, com o feliz aproveitamento das diversificadas virtualidades estéticas dos veículos automóveis, emolduramento esse em magnífico crescendo, assim esbatendo a crueza do rude granito a que os construtores de muitos desses monumentos e praças tiveram a ousadia e infeliz desplante de recorrer. Veja-se, como primeiro exemplo, a moldura da Igreja e Convento da Graça.

Junto, para os incréus, algumas provas das excelências.

Catita a nossa cidade, não?










2 comentários:

Anónimo disse...

Assim gosto. Há que divulgar o que está mal, pedir melhoramentos e chamar a atenção para tudo o que deve ser corrigido. Isto sem ofender nem tomar partido por cores políticas.
Todos nós que aqui vivemos agradecemos.
Agora é esperar que os responsáveis e os que têm capacidade para alterar algo, que o façam. Os actuais ou outros, é-me indiferente. Eu gostaria éra de viver numa Évora bem melhor do que tenho visto ao longo dos 30 e muitos anos que aqui vivo.

Anónimo disse...

Essa dos sinais está muito bem observado. Há anos que penso que, lá fora, em cidades históricas, os sinais são poucos (ou estão muito bem disfarçados). Em Évora, o cenário é de saturação. É uma coisa que não tem explicação...